Estudo revela impacto ambiental e de saúde pública relacionado ao saneamento.
Um estudo conduzido pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) revelou altos níveis de contaminação em diversas praias de Ubatuba. Foram detectados compostos como cafeína, cocaína e benzoilecgonina em amostras coletadas em pontos como as praias da Enseada, Flamengo e Ilha Anchieta. Os dados, levantados em 2019 e 2020, indicam que os níveis podem ser ainda mais elevados atualmente.
DETALHES DA PESQUISA
A pesquisa, realizada pela Dra. Luciana Frazão, analisou amostras coletadas logo após feriados de Ano Novo, períodos de grande aumento populacional na região. Ao todo, foram identificados 15 compostos em praias próximas a rios como Acaraú, Tavares, Grande, Indaiá e Perequê-Mirim. Entre eles estão medicamentos anti-hipertensivos, analgésicos, antidepressivos e produtos de cuidados pessoais, além das substâncias ilícitas.
CONTAMINANTES EMERGENTES
Os compostos detectados fazem parte de um grupo de contaminantes emergentes chamados PPCPs (Pharmaceuticals and Personal Care Products), que incluem medicamentos e produtos de uso diário. “Esses compostos não são totalmente metabolizados pelo organismo humano e acabam liberados nos corpos d’água por meio do esgoto. Sua presença nos ecossistemas marinhos representa riscos para a biota aquática, para os pescados e para a saúde pública”, explicou a pesquisadora.
A pesquisa revelou que 100% das amostras analisadas continham cafeína, evidenciando falhas no sistema de saneamento da região.
ÁREAS MAIS AFETADAS
Os níveis mais altos de contaminação foram registrados nas proximidades do Rio Acaraú, seguido por outros rios que deságuam nas praias estudadas. A presença contínua desses compostos e sua persistência no ambiente levantam preocupações sobre o impacto acumulativo, tanto na fauna marinha quanto na saúde humana.
DESAFIOS E CONTINUIDADE
A Dra. Luciana Frazão busca apoio financeiro para dar continuidade à pesquisa e ampliar o monitoramento dos contaminantes emergentes na região. “Os impactos ainda são subdimensionados, mas é essencial compreender sua extensão para mitigar os danos ambientais e proteger a saúde pública”, concluiu.
A pesquisa destaca a necessidade de melhorias no saneamento básico de Ubatuba para preservar o meio ambiente e assegurar a qualidade de vida na região.