Vereadores, empresários e comunidade discutem a criação do parque, impactos ambientais e o futuro do turismo na cidade. Proposta de plebiscito foi sugerida para garantir participação popular nas decisões.
A Câmara Municipal de Ubatuba discutiu, nesta terça-feira (11), os impactos do Parque da Tartaruga de Pente e a regulamentação do turismo náutico na cidade. O tema gerou amplo debate entre vereadores, representantes do setor e a comunidade local, que manifestaram preocupações com a criação da unidade de conservação sem uma consulta pública adequada.
O marinheiro Talles Veloso destacou a falta de diálogo com a população e questionou a imposição do parque pela Fundação Florestal. Segundo ele, a decisão não leva em consideração os impactos sobre a economia local, especialmente para quem trabalha no turismo náutico. Thales sugeriu a criação de um projeto de lei que condicione a implantação de novos parques a um plebiscito municipal, garantindo que a população tenha voz nas decisões que afetam diretamente suas atividades.
A vereadora Jaqueline Dutra reforçou a importância da conservação ambiental, mas ressaltou que qualquer medida deve ser baseada em estudos científicos e planejamento sustentável. Ela alertou para os riscos de uma sobrecarga na Ilha Anchieta sem uma análise detalhada da capacidade de suporte da região.
O vereador Rogério Frediani, que acompanha a gestão ambiental da Ilha Anchieta há décadas, criticou a forma como decisões ambientais são impostas pelo Estado sem considerar as necessidades de Ubatuba. Ele apontou que a cidade precisa definir que tipo de turismo quer desenvolver, destacando a necessidade de um ordenamento adequado para evitar impactos negativos.
O vereador e presidente da Câmara, Gady, afirmou que o turismo náutico deve ser regulamentado sem prejudicar a população que vive da atividade. Ele também alertou sobre a possibilidade de concessões privadas limitarem o acesso dos trabalhadores locais às áreas de turismo.
O pastor e vereador Sérgio enfatizou a importância da Ilha Anchieta como refúgio para pescadores, destacando que restrições excessivas podem comprometer a cultura caiçara. Ele alertou que medidas restritivas já prejudicaram pescadores em outras áreas de conservação, como Alcatrazes.
O debate na Câmara revelou um consenso sobre a necessidade de equilíbrio entre preservação ambiental e desenvolvimento sustentável, além da importância de envolver a população nas decisões que impactam a economia local. A proposta de discutir a capacidade de carga do turismo em Ubatuba e promover um ordenamento adequado foi reforçada por diversos parlamentares, que pediram mais diálogo entre o município e os órgãos ambientais estaduais.