A Polícia Civil de São Paulo indiciou o cirurgião-dentista Marco Antônio Botelho Soares por charlatanismo, falsidade ideológica e exercício ilegal da medicina. Mesmo com o registro profissional cassado desde 2019 pelo Conselho Regional de Odontologia do Ceará, Marco seguia promovendo cursos e tratamentos hormonais.
O inquérito, concluído em 26 de maio de 2025, será analisado pelo Ministério Público e pela Justiça, que também devem decidir sobre o pedido de exclusão de seus perfis nas redes sociais.
Entre as acusações, ele se apresentava como “doutorando em ginecologia pela Unifesp”, mas a universidade informou que ele foi descredenciado do programa em 2019 e não obteve o título de doutor. A Unifesp também esclareceu que, mesmo se estivesse no curso, não teria permissão para atender pacientes, pois não é médico.
As investigações começaram após denúncia do CROSP em fevereiro de 2024. Os cursos oferecidos custavam entre R$ 800 e R$ 850, com promessas de cura por meio da chamada “modulação hormonal nano”, prática sem reconhecimento da Anvisa ou do Conselho Federal de Medicina.
Ele realizou eventos em vários estados, como São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Distrito Federal e chegou a ser preso em flagrante em Recife, em fevereiro de 2024, por descumprir decisão judicial que proibia a atividade. Foi liberado após pagar fiança.
Postagens investigadas nas redes sociais também são consideradas ofensivas à saúde pública, como a que afirmava que “máquina de mamografia fabrica câncer” ou que câncer de mama seria apenas “deficiência de testosterona”.
Depoimentos colhidos revelaram descontentamento com os cursos. Uma enfermeira relatou ter pago R$ 856 e considerado o conteúdo irrelevante. Uma estudante pediu reembolso e disse desconhecer as irregularidades do ministrante.