O Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça a prisão preventiva do policial militar Vinicius de Lima Britto, que executou pelas costas um jovem negro em frente a um mercado Oxxo na Zona Sul de São Paulo em 3 de novembro. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que ele fez os disparos.
A Promotoria argumenta que “está provada a existência do crime e existem indícios suficientes de autoria” e ressalta que a liberdade do acusado “põe em risco a ordem pública e prejudicará a instrução processual”, que é a fase em que são colhidos depoimentos e coletadas provas, pois poderá deixar as testemunhas com medo de falar.
Afirma ainda que o PM “praticou homicídio qualificado” e “efetuou diversos disparos contra a vítima pelas costas, que estava completamente desarmada e indefesa. Indicando, portanto, dolo exacerbado e brutalidade na prática do delito por ele intentado”.
A Promotoria considerou o motivo do crime fútil por por ter reagido de forma desproporcional ao furto de produtos de limpeza, além de o PM ter usado um meio que impossibilitou a defesa da vítima e ter colocado outras pessoas em risco, uma vez que fez os disparos na rua.
O Ministério Público ainda ofereceu denúncia contra o policial. Se for aceita pela Justiça, ele se tornará réu e responderá a processo.
A execução do jovem no mercado não é o único episódio letal na carreira do PM. Ele também é investigado pela morte de dois homens em São Vicente, no litoral de São Paulo.
O policial, que estava de folga no dia do crime, foi afastado de suas funções só um mês depois, após a gravação vir à tona.
Gabriel Renan da Silva Soares, que vestia um moletom vermelho com capuz, entrou no mercado no bairro Jardim Prudência, às 22h44.
Em seguida, ele andou até a seção de limpeza, onde pegou quatro pacotes de sabão de rouba. Na fuga, ele escorregou num pedaço de papelão na porta do estabelecimento e caiu no chão do estacionamento.
O policial estava no caixa pagando pelas compras, quando percebeu a ação. Vinicius sacou a arma e atirou várias vezes pelas costas de Gabriel, que tentava fugir. O jovem morreu no chão do estacionamento. Segundo o boletim de ocorrência, foram encontradas 11 perfurações pelo corpo dele.
No depoimento na delegacia, o PM disse que Gabriel estava armado e com a mão no bolso do moletom, razão pela qual ele atirou. Vinicius alegou que agiu em legítima defesa. Contudo, não é o que as imagens mostram.