Cinco policiais, um advogado e dois empresários delatados por Vinicius Gritzbach por corrupção, lavagem de dinheiro e elo com o Primeiro Comando da Capital (PCC) movimentaram juntos ao menos R$ 72 milhões de maneira ilegal nos últimos cinco anos.
É o que aponta o relatório da investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público (MP) de São Paulo sobre o grupo. O documento foi obtido pela equipe de reportagem. O também empresário Gritzbach foi assassinado no mês passado após fazer a denúncia à Justiça .
Das oito pessoas identificadas no esquema criminoso, sete delas foram presas nesta semana pelas autoridades durante a “Operação Tacitus”. Outra não foi encontrada, é considerada foragida e está sendo procurada.
O delegado Fábio Baena e os investigadores Eduardo Lopes Monteiro, o “Du”, Marcelo Roberto Ruggieri, o “Xará” e Marcelo Marques de Souza, o “Bombom”, estão entre os suspeitos presos. Os três trabalham como policiais civis em São Paulo. O agente da Polícia Civil, Rogério de Almeida Felício, o “Rogerinho Punisher” fugiu e não foi preso.
Os demais detidos são o advogado Ahmed Hassan Saleh, o “Doutor Mudi”, e os empresários Ademir Pereira de Andrade e Robinson Granger de Moura, o “Molly”.
De acordo com o documento da PF e do MP, para lavar o dinheiro os investigados investiam dinheiro da propina paga pelo PCC aos policiais e do tráfico de drogas da facção criminosa em negócios imobiliários e na abertura de contas de empresas-fantasmas.
A investigação identificou essa movimentação financeira irregular dos oito investigados entre 2018 e 2022. Segundo a Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, o esquema criminoso envolve:
Manipulação e vazamento de investigações policiais para integrantes do Primeiro Comando da Capital: para os bandidos se anteciparem a eventuais operações da polícia e não serem presos. Em troca disso, os agentes da Polícia Civil cobraram dinheiro dos investigados;
Venda de proteção policial a criminosos: membros do PCC contratavam os serviços de “bico”, segurança e escolta ilegal por parte dos agentes;
Corrupção: para beneficiar um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico da facção criminosa PCC junto ao mercado imobiliário. Integrantes da facção e policiais compravam imóveis, criavam empresas ou se associavam a elas para tornar seus investimentos aparentemente lícitos. Mas no caso dos agentes, a investigação notou que os bens adquiridos e declarados oficialmente por eles eram incompatíveis com os salários que recebiam na Polícia Civil.
Todos os oitos investigados citados acima haviam sido denunciados por Vinicius Gritzbach antes de ele ser assassinado no mês passado. O empresário do ramo imobiliários conhecia o grupo pois lavava dinheiro para ele, seja na aquisição de empreendimentos imobiliários ou no investimento de criptomoedas e joias.